"Gritos deles não saem da minha cabeça", diz sobrevivente da chacina em Sinop

DESTAQUE NO FANTÁSTICO

A execução de sete pessoas em um bar de sinuca em Sinop foi destaque no Fantástico deste domingo (26). A reportagem entrevistou os dois únicos sobreviventes e teve acesso a outros trechos das câmeras de segurança. As novas imagens revelam a brutalidade dos assassinos, que promoveram uma matança por causa de uma aposta perdida.

Era 21 de fevereiro, terça-feira de Carnaval. Em dez segundos, sete pessoas foram assassinadas em um bar de sinuca.

As imagens inéditas começam quatro horas antes da chacina e poderiam explicar o motivo da tragédia, mas o que as imagens revelam é que não houve motivo. A chacina foi o auge de coisa nenhuma.

Às 12h46, Edgar Ricardo de Oliveira, sem camisa, aposta contra Getúlio Frasão Júnior. Perde R$ 4 mil e vai embora. “Saiu normal. Tiveram uns boatos, o pessoal falando que teve deboche. Não teve deboche”, conta Luiz Carlos Barbosa, um dos sobreviventes.

Luiz Ricardo Barbosa, disse que os gritos das vítimas "não saem da cabeça dele" após o episódio. "Nesse segundo tiro, eu tive reação de correr. Eu ia indo e escutando os gritos delas lá, não sai da minha mente aqueles gritos delas lá. [O atirador Edgar pediu para poupar a vida de alguém?] Ninguém, em momento nenhum, ele só chegou matando."

Às 16h59, Edgar volta, agora vestindo camisa listrada e traz com ele Ezequias Souza Ribeiro, de azul (vídeo). E chama Getúlio para uma revanche.

Dois homens que assistiam a uma partida de futebol se afastam da mesa. O último jogo de Getúlio foi contra um adversário tenso, segundo o sobrinho dele.

O vídeo mostra que Edgar erra um lance decisivo. Joga o taco na mesa e encerra o jogo. Anda até a caminhonete, se vira e dá ordens para Ezequias, que saca uma pistola e começa a render todo mundo que está no bar.

Às 17h30, Edgar aperta o passo de volta ao bar, com uma espingarda.

Todos no local, incluindo os atiradores, se conheciam. Viajavam por todo o estado para participar de torneios de sinuca, sempre envolvendo apostas em dinheiro. Edgar era reconhecido por ser habilidoso, estava acostumado a vencer, mas, diante de Getúlio, em um único dia, perdeu 13 rodadas.

Para a polícia, não restam dúvidas. Edgar encontrou na derrota um motivo para abrir fogo.

Na quarta-feira, Ezequias, o comparsa, morreu em confronto com policiais militares. Na quinta, Edgar se entregou. Ele tinha registro de CAC, concedido em 9 de março de 2022 ,e gostava de se exibir nas redes. Edgar comprou como CAC a espingarda com que matou seis das sete vítimas.