"Se é para fiscalizar, tem que estender para outras categorias", diz comandante da PM
CÂMERAS NAS FARDAS
O comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Corrêa Mendes, questionou o projeto sobre a obrigatoriedade de instalação de câmeras em uniformes policiais e outras autoridades da Segurança Pública. De autoria do deputado estadual Wilson Santos (PSD), o projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) tem rendido muita discussão.
"Eu questionei, se o motivo de colocar a câmera policial é para fiscalizar o trabalho do policial, eu vou pedir para o deputado estender para outras categorias que lidam com pessoas”, disse em entrevista ao programa Tribuna, da Rádio Vila Real nesta segunda-feira (6).
O comandante enfatizou que não é contra as câmeras, mas contra a forma que querem implantar. Para ele, não pode se aceitar que somente policiais militares devam ser “vigiado” 24 horas por dia. “Então vamos colocar dentro do presídio, nas celas dos presos. Vamos colocar também em outras categorias que lidam com pessoas servidores públicos”.
O chefe da PM questionou se o familiar de um preso aceitaria colocar uma câmera dentro de uma cela. "Será que eles aceitam para saber se eles estão utilizando telefone lá dentro, se estão utilizando drogas?".
Projeto
A batalha de Wilson Santos para implantar o projeto das câmeras já vem de longa data. Em 2021, o deputado apresentou o mesmo projeto; entretanto, o texto sequer chegou ao plenário para votação. O deputado acusou os membros da Comissão de Segurança de ‘segurar’ a proposta, por serem contrários à ideia. À época, a maioria dos membros da Comissão de Segurança era de egressos das forças policiais. E com a mudança de Legislatura, a proposta anterior foi arquivada e Wilson decidiu reapresentá-la neste ano.
Porém, nas primeiras semanas de fevereiro deste ano, dois casos emblemáticos e de repercussão nacional foram registrados em MT. No primeiro, em 5 de fevereiro, Diego Kaliniski (26) foi morto por um policial durante uma abordagem por perturbação do sossego em Vera (461 Km de Cuiabá). Já no dia 12, uma semana depois, Pablo Ferreira de Carvalho (25) também foi morto por policiais durante um surto psicótico, desta vez no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá. Conforme Wilson, esses dois casos podem ajudar a quebrar a resistência que existe em torno de seu projeto.
Comentários (0)
Comentários do Facebook