Menor empurrado de bicicleta é autista, vive em extrema pobreza e OAB aponta falha ética da empresa

Polícia Civil passou a investigar o caso e os suspeitos já foram identificados e serão intimados a prestar esclarecimento

Menor empurrado de bicicleta é autista, vive em extrema pobreza e OAB aponta falha ética da empresa

A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB - Seccional Peixoto de Azevedo - se mobilizou em defesa do menor D.G., de 16 anos, que foi empurrado da bicicleta enquanto vendia salgados. A OAB acompanhou a família para registro de boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil por constrangimento e agressão contra os funcionários de uma mecânica da cidade de Guarantã do Norte, acusados de terem empurrado e ridicularizado o menor.

Segundo o presidente da comissão, o advogado Marcus Macedo, o adolescente é autista e a família vive em situação de extrema pobreza. A condição  precária da família deixou os advogados comovidos. O grupo também deu apoio à uma campanha iniciada pela comunidade para arrecadar doações para a família. 

“O que aconteceu foi uma agressão. O menino tem um grau de autismo e foi constrangido e agredido enquanto trabalhava para ajudar no sustento da família, que inclusive vive em situação de extrema pobreza. Vivem em uma casa que não tem mais do que 40 metros quadrados. O casal tem quatro filhos, o menino que vende os salgados dorme na sala. O pai é servente de pedreiro e a mãe faz os salgados. A situação é muito triste”, relatou Macedo.

O representante da OAB disse ainda que a Ordem se comprometeu em auxiliar D.G. e sua família para que vivam com mais dignidade. Devido às suas limitações, o menor tem condições de conseguir um benefício de prestação continuada para auxiliar nas despesas. Além disso, uma psicóloga vai prestar atendimento para D.G. e sua família.

Macedo aponta que a situação de agressão gratuita revoltou toda a comunidade local, principalmente pela postura da empresa, que ao invés de tomar uma atitude com relação à cena filmada no pátio da mecânica, o empresário se deslocou até a casa da família de D.G. e gravou um vídeo, dizendo que tudo não passou de “uma brincadeira” e que o erro maior foi de “quem divulgou” as imagens.

“É um absurdo total, na época em que vivemos, uma empresa divulgar um vídeo reprimindo quem fez a denúncia. As denúncias devem ser feitas sim. Provavelmente essa empresa terá que tomar alguma atitude na esfera trabalhista”, analisou o advogado. 

O vídeo em questão foi gravado no dia 27 de dezembro passado e mostra D.G. no pátio da mecânica. Ele estava na bicicleta que tem a caixa de salgados acoplada. Em determinado momento, depois de algumas piadas ditas por dois funcionários, um deles empurra a bicicleta e o menor cai no chão com a caixa de salgados.

Ao tomar conhecimento do vídeo, a Polícia Civil passou a investigar o caso e os suspeitos já foram identificados e serão intimados a prestar esclarecimento.