Juiz nega trabalho externo a padre preso por crimes de pedofilia em MT

Nelson Koch foi preso e condenado em 2022 por estupro e importunação sexual de adolescentes em Sinop, no norte de MT.

Juiz nega trabalho externo a padre preso por crimes de pedofilia em MT

O juiz Rafael Depra Panichela, da 1ª Vara Criminal de Sorriso (420 km ao norte), negou um pedido para realização de trabalhos extramuros ao padre Nelson Koch (56), condenado a 48 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de estupro, estupro de vulnerável e importunação sexual contra três adolescentes que frequentavam a paróquia onde ele atuava.

Na decisão, o juiz destaca que, de acordo com a Lei de Execução Penal, a prestação de trabalho externo depende da aptidão, disciplina e responsabilidade do detento, além do cumprimento de pelo menos de 1/6 (um sexto) da pena, que não é o caso do sacerdote, preso em 17 de fevereiro de 2022.

“(...) o trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. Verifico que o reeducando não preencheu os pressupostos legais para a realização de trabalhos extramuros, conforme bem ressaltado pelo Ministério Público, razão porque não autorizo o labor externo do recuperando”, diz trecho da decisão.

CRIMES E CONDENAÇÃO

Nelson Koch foi condenado em 23 de setembro de 2022 pelos crimes de estupro, estupro de vulnerável e importunação sexual, cometidos contra três adolescentes que frequentavam a paróquia em que ele atuava, na cidade de Sinop (500 Km de Cuiabá). A investigação contra o padre teve início quando a mãe de um adolescente de 15 anos procurou os superiores da igreja e relatou os abusos que o filho sofreu.

Após fazer a denúncia à Diocese de Sinop, responsável pela paróquia onde o clérigo atuava, a mulher procurou a Polícia Civil, que iniciou a investigação, resultando em pedido de prisão contra Nelson Koch. No entanto, o pároco foi solto quatro dias depois por força de uma liminar do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Quatro dias depois de sair da cadeia, uma nova ordem de prisão foi decretada ao fim do inquérito policial e o diocesano voltou a ser preso no dia 16 de março de 2022. Em junho, a defesa de Koch foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) e fez um pedido prisão domiciliar, que acabou negado pela então ministra da Suprema Corte, Rosa Weber.

Outra vítima do padre Nelson Koch, à época da denúncia com 15 anos de idade, contou à Polícia que foi abusada pelo religioso pela primeira vez quando tinha apenas 7 anos. Investigação apontou que os adolescentes recebiam ameaças veladas do pároco, que em um dos casos, falou que se fosse denunciado “causaria mal” aos primos da vítima que frequentavam a paróquia, avisando que “era uma pessoa ‘influente’”.

Além dos depoimentos das vítimas, a Polícia Civil obteve vídeos apresentados por elas, mostrando as situações de abuso, inclusive com registro de um dos garotos sendo levado por Nelson até um banheiro para ser abusado.

Preso, o padre disse em depoimento que todos os encontros que teve com os garotos abusados sexualmente foram consentidos pelas vítimas. Além disso, em nenhum momento o pároco demonstrou arrependimento pelos crimes, lamentando unicamente o fato de ter que deixar o sacerdócio em decorrência das acusações, afirmando ainda que queria ter “preservado a igreja”.

 

Ari Miranda
Única News