General cuiabano é denunciado ao MPF por prevaricação nos ataques em Brasília
Para Luciene Cavalcante (PSOL-SP), houve falta de empenho do comandante do Exército em desmobilizar os acampamentos no QG de Brasília.

O Ministério Público Federal (MPF) acatou uma notícia-crime da deputada federal eleita, Luciene Cavalcante (PSOL-SP) por prevaricação contra o general cuiabano Júlio César de Arruda, atual comandante do Exército Brasileiro (EB). Segundo Luciene, que assumirá a cadeira da nova ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), na Câmara Federal, o comandante demonstrou inação diante dos acampamentos bolsonaristas, montados em frente aos quartéis-generais da força.
Em sua justificativa, a parlamentar eleita destaca que houve uma falta de empenho do general Arruda em desmobilizar os acampamentos, que serviram para abrigar os manifestantes que promoveram os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro às sedes dos três poderes no DF.
"Os depoimentos feitos à Polícia Federal demonstram que o acampamento do Distrito Federal foi estratégico para o ato golpista, e nesse sentido é urgente investigar os relatos que dão conta da participação, seja por ação ou por omissão, do alto comando do Exército", diz a notícia-crime.
Na ação, Luciene destaca ainda que, na noite do dia 8, logo após os atentados, uma barreira de soldados do Exército foi montada em torno do acampamento no QG de Brasília, a fim de proteger o local. "Isso tipifica crime de prevaricação com relação à atuação do Exército junto ao acampamento golpista e à falta de segurança dos Três Poderes no dia 8", afirmou.
O general cuiabano agora está no centro da crise desencadeada entre Planalto e Forças Armadas. Na semana passada, durante um café com jornalistas, Lula criticou os militares, ao afirmar que “as Forças Armadas não são poder moderador".
Ainda nesta semana o presidente deve se reunir com Arruda e os comandantes da Marinha e da Força Aérea Brasileira (FAB) para tentar buscar um alinhamento dos militares com o governo. O anúncio foi feito pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que esteve nesta terça-feira (17) reunido com o alto comando militar e o ministro da Defesa, José Múcio. Segundo o ministro, a pauta da reunião, entretanto, não foram os atos terroristas, mas sim a modernização das Forças Armadas que Lula planeja empreender.
O general Júlio César de Arruda foi nomeado nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro (PL). Ele foi escolhido por Lula, seguindo o critério de antiguidade entre os generais brasileiros de quatro estrelas.
Ao acatar a notícia-crime, o MPF vai fazer a própria investigação e pode, ou não, encaminhar denúncia oficial à Justiça.
* Com informações de Revista Fórum
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