“Ele não deveria estar solto”, diz coronel Mendes sobre ex-PM que matou advogada
Segundo o comandante-geral da Polícia Militar, ex-soldado era seu comandado no 10º Batalhão quando foi preso por roubo e expulso da corporação.

Durante coletiva de imprensa na terça-feira (15), o comandante-geral da Polícia Militar do de Mato Grosso, coronel Alexandre Mendes, voltou a defender a necessidade de uma reforma na legislação penal do país.
A problemática foi abordada pelo superior ao falar sobre o caso do ex-soldado da PM Almir Monteiro dos Reis (49), autor do crime que vitimou a advogada Cristiane Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni (48) no final de semana. A jurista foi encontrada morta, com sinais de espancamento e asfixiada dentro do próprio carro, no Parque das Águas, em Cuiabá.
O ex-policial foi expulso da corporação em 2015, após ser preso e julgado por cometer um assalto a um posto de combustíveis no bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. O crime ocorreu no ano de 2013.
Coronel Mendes, por sua vez, disse que, coincidentemente, Almir era lotado no 10º Batalhão da PM, unidade da capital comandada por ele à época em que o soldado foi preso cometendo o roubo que culminou na sua expulsão. Segundo Mendes, o ex-militar não deveria estar solto, mesmo alegando ser portador de esquizofrenia.
“Quando ele estava em atividade, trabalhando na Polícia Militar, por ironia do destino, ele trabalhou no meu Batalhão. Ele praticou um assalto a um posto de gasolina e a PM não foi conivente e o prendeu em flagrante. Ele ficou preso à disposição da Justiça, e foi excluído da corporação”, disse Mendes.
“Obviamente ele tentou vários recursos junto ao Poder Judiciário para que ele pudesse voltar, alegando problemas mentais. Isso não foi aceito, porém na sua condenação ele deveria ter ficado preso, mas a Justiça o soltou porque não tinha local apropriado para manter um esquizofrênico detido, preso”, completou.
Mendes afirmou ainda que, devido a suposta patologia, Almir nunca deveria ter sequer entrado nos quadros da Polícia Militar, destacando que há 10 anos, quando ele cometeu o roubo ao posto de gasolina em Cuiabá, o ex-PM não apresentava nenhum tipo de problema de saúde e trabalhava normalmente, como qualquer outro policial da corporação.
“Quando cometeu o crime [em 2013], obviamente a PM agiu rápido e nós o prendemos ele em flagrante na mesma madrugada, na casa dele, o mesmo local onde ele cometeu o crime da advogada, ficando à disposição da Justiça [na ocasião]. Ele foi excluído da instituição, uma pessoa que nem sequer deveria ter entrado na instituição da PM”, ratificou.
Além do roubo em 2013, Almir possui uma extensa ficha criminal. Sua expulsão da Polícia Militar foi decidida pelo Conselho de Disciplina da corporação, em 2015, após denúncia da 18ª Promotoria de Justiça Criminal da Comarca de Cuiabá.
Em meados de 2014, o suspeito chegou a ser interditado judicialmente após o diagnóstico de esquizofrenia. Neste ano, a Justiça determinou que ele fosse internado no Centro Integrado de Assistência Psicossocial (CIAPS) Adauto Botelho. Todavia, a instituição se recusou a internar o ex-policial, alegando que não havia vaga na unidade. Devido a isso, a internação foi convertida em acompanhamento ambulatorial em um Centro de Assistência Psicossocial (CAPS).
Sobre o suposto laudo médico do ex-policial, Mendes afirma que é um problema na esfera da Justiça quando as pessoas alegam transtornos psiquiátricos após cometerem um crime, ressaltando que as autoridades competentes do país devem rever o Código Penal Brasileiro, criar penas mais duras e meios para evitar que criminosos aleguem doenças como forma de tentar fugir da punição por seus atos.
“Obviamente isso tem que ser resolvido, porque muitos começam a alegar as questões psiquiátricas após cometer crimes. É um caso que não é problema da Polícia Militar”, afirmou.
“Eu não entendo porque ele [Almir] estava solto. É o que eu critico constantemente, não é a probabilidade de Justiça, se ele estava solto é porque a legislação penal processual permitiu. Nós temos que cobrar dos nossos legisladores penas mais duras para que essas pessoas não possam ficar respondendo em liberdade, alegando problemas mentais”, conclui
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