Mãe de Isabele lamenta extinção de processo contra atiradora: "Matando minha filha novamente"

"JUSTIÇA IGNORA PROVAS"

Mãe de Isabele lamenta extinção de processo contra atiradora:

Patrícia Hellen Guimarães Ramos, mãe de Isabele Ramos, morta pela própria amiga, lamentou a decisão do Judiciário em extinguir o processo contra a atiradora B.O.C. A juíza Leilamar Aparecida Rodrigues, titular da 2ª Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, extinguiu o processo de execução de medida socioeducativa da adolescente B.D.O.C., 17 anos. Ela havia sido condenada pela morte de Isabele.

"É com muito pesar e uma tristeza profunda que recebi a notícia que a Justiça encerrou o processo contra a assassina da minha filha. A cada decisão, com um resultado como este, tenho a mesma sensação horrível do dia que vi o corpo da minha filha estirado no chão sobre uma poça de sangue", disse Patrícia em nota.

A mãe lamenta que a Justiça esteja ignorando as provas técnicas. "Talvez este pessoal não saiba, mas, eles estão matando a minha filha novamente.Como pode a “Justiça”, simplesmente ignorar todas as provas técnicas obtidas através de inquestionáveis perícias realizadas por profissionais gabaritados e mudarem a tipificação do crime cometido, comprovadamente a sangue frio contra a vida da minha filhinha, que não teve a mínima chance de se defender?".

Patrícia afirma ainda que o que aconteceu com ela, pode acontecer com qualquer família. "Saibam que jamais me calarei e continuarei a minha luta para que a verdade dos fatos daquele terrível dia 12 de julho de 2020 seja restabelecida. Não terei mais a minha Bele de volta e por isto, a minha alma chora e clama por justiça", completa.

Entenda

O crime ocorreu no dia 12 de julho de 2020, em um condomínio de luxo em Cuiabá, onde a atiradora morava. Isabele foi morta com um tiro na cabeça. A menor havia sido internada no dia 19 de janeiro de 2021, após uma decisão da juíza da 2ª Vara de Infância e Adolescência de Cuiabá, Cristiane Padim. No dia 8 de agosto de 2022, a Terceira Câmara do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) concedeu liberdade a B.O.C, que estava internada no Lar Menina Moça, em Cuiabá.

Agora, a Justiça extinguiu o processo contra a atiradora. A magistrada ponderou que B.O.C está prestes a alcançar a maioridade civil e “demonstrou o interesse em traçar novos objetivos longe do ambiente deletério da reiteração infracional”.

O Centro de Referência de Assistência Social (Cras), protocolou também um documento com a informação de que a medida socioeducativa de liberdade assistida, pelo prazo de 6 meses, imposta a B.D.O.C, foi integralmente cumprida, de modo que os objetivos traçados no Plano Individual de Atendimento (PIA) foram devidamente cumpridos. “Cabe salientar que as medidas socioeducativas não possuem caráter punitivo e sim pedagógico, com objetivos definidos pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, que incluem a responsabilização, integração social e a desaprovação do ato infracional”, cita a juíza.