Juíza quebra sigilo de duplo homicídio cometido por Carlinhos Bezerra

Por se tratar de feminicídio, Vara de Violência Contra a Mulher assumiu o caso na última sexta-feira (20)

Juíza quebra sigilo de duplo homicídio cometido por Carlinhos Bezerra

A juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 1º Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, retirou, na sexta-feira (20), o sigilo do inquérito contra o empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra (57), que confessou ter assassinado a ex-namorada, Thays Machado (57) e o atual namorado dela, Wiliam Cesar Moreno (30). O crime aconteceu no final da tarde da última quarta-feira (18) no bairro Consil, em Cuiabá, e o caso corria em segredo de justiça.

O sigilo havia sido decretado pela juíza Caroline Schneider Guanaes Simões, da 3ª Vara de Campo Verde, onde Carlos Alberto foi preso horas depois do crime.

“Em razão da natureza do presente feito, adotem-se as providências necessárias para a RETIRADA DO SIGILO dos autos, devendo permanecer apenas com relação ao (Relatório Preliminar de Investigação Policial), em razão da existência de imagens das vítimas”, diz a decisão judicial que derrubou o sigilo.

Na mesma decisão, a juíza Ana Graziela Vaz também decretou a prisão preventiva de Carlos Alberto Bezerra, que é filho do deputado federal Carlos Bezerra (MDB). Carlinhos está preso desde a última quarta-feira, quando cometeu o duplo homicídio. Thays e William foram mortos com vários tiros de pistola calibre 380, na frente do prédio onde a mãe de Thays morava.

A juíza da Vara de Violência Doméstica assumiu o caso, que antes estava nas mãos do juiz da 12º Vara Criminal de Cuiabá, Wladymir Perri, que declinou da competência, por considerar o crime como feminicídio. Após um novo sorteio, a juíza Ana Graziela Corrêa assumiu a competência.

Em sua decisão pela quebra de sigilo, a magistrada fez questão de enfatizar que Carlinhos agiu motivado pela “crença na impunidade”, devido à sua posição social, destacando no documento a ausência de ligação entre seu pai, deputado Carlos Bezerra, e os crimes cometidos pelo filho.

"Em que pese as famílias cuiabanas ao longo de décadas terem consagrado o ‘é gente de quem’ como forma de assegurar-se sobre a companhia de seus filho(a)s, neste caso, tristemente, a procedência familiar do custodiado não bastou para respaldar sua conduta moral", disse na decisão.

O caso segue sob investigação e a DHPP deve apresentar a conclusão do inquérito nos próximos dias.

Carlinhos Bezerra segue preso na Penitenciária Central do Estado (PCE) desde a última quinta-feira (19), onde aguarda julgamento.