Família diz que delegado agiu por ‘ego’ e tenta superar trauma de invasão

Filho do casal de 13 anos era vítima de bullying por parte do enteado do delegado da Polícia Civil, Bruno França

Família diz que delegado agiu por ‘ego’ e tenta superar trauma de invasão
Família diz que delegado agiu por ‘ego’ e tenta superar trauma de invasão

Em entrevista exclusiva a um site da a capital, na tarde desta quarta-feira (30), o médico e proprietário da casa invadida pelo delegado Civil, Bruno França Ferreira, no condomínio de luxo Florais dos Lagos, em Cuiabá, nesta segunda-feira (28), relatou detalhadamente os momentos de pânico enfrentados por sua família.

Conforme as vítimas, que preferiram não se identificar, a ação do delegado estragou a vida ‘de uma família inteira’ e trouxe ‘danos irreparáveis’ para eles. 

“Ele estragou a vida de uma família inteira, de um menino de 13 anos e agora, de uma menina de 4, tudo isso por que? Por causa de ego? Para mostrar que está acima da lei? Estamos dormindo fora de casa, porque minha esposa não consegue dormir aqui, minha filha não voltou para casa e não vai voltar tão cedo, porque aqui ela vai lembrar que apontaram uma arma na cabeça dela e da mãe dela. Esses últimos dias foram uma loucura, cheios de prejuízos financeiros, sem contar o prejuízo emocional, que esse é irreparável”, disse o pai.

Ele explicou que a desavença entre a família e o delegado começou em meados de 2020, quando o filho do casal passou a ser agredido pelo enteado do oficial e outros seis adolescentes.

Meu filho não vive já faz um ano, eu cheguei a estudar sobre o bullying e a única coisa que quem sofre com isso quer é ser inserido na sociedade

De acordo com o médico, demorou muito tempo para a família descobrir que o adolescente estava sendo vítima de agressões morais e físicas em sua própria casa.

“Em fevereiro desse ano nós decidimos mudar de condomínio, isso quando as coisas passaram a ficar insuportáveis, no começo foi uma tranquilidade total, ninguém falava mais sobre esse assunto, até que o enteado desse delegado passou a frequentar aqui, a partir do momento em que ele começou a circular por aqui, voltou o pânico, desespero e medo de sair de casa [...] Ele começou a vir aqui como visitante e foi ficando cada vez mais frequente, um dia eu estava chegando, parei com o carro e ele passou, ele e outros dois meninos e ele ficou me olhando de forma extremamente sarcástica”, relatou.

Devido ao comportamento agressivo do menor, a família da vítima já havia registrado Boletins de Ocorrência relatando o ocorrido desde quando tomaram consciência das as agressões. Segundo a mãe do menino, ele inclusive, passou a fazer acompanhamento médico para superar o medo.

“Meu filho teve que passar por acompanhamento psicológico, registramos vários boletins de ocorrência até que decidimos nos mudar de casa”,

Ele ficava passando em frente à nossa casa para nos intimidar

disse a mãe.

“Ele acabou com a nossa vida, simples assim, se eu tivesse condições de ir para fora do país, nós iríamos, e eu digo isso pensando em salvar a minha família. Digo isso sobre salvar no sentido emocional”, complementou o pai.

 

O dia da invasão

Nesta terça-feira (30), o proprietário da casa chegou a relatar ao Única News que em uma das idas do agressor ao condomínio, a família da vítima acionou a segurança do local para a retirada do menino. A família acredita que essa retirada foi o que motivou a invasão a casa nesta segunda-feira (28).

O menino teria supostamente ligado para o padrasto, que atua na delegacia de Sorriso e que, juntamente com a equipe do Grupo de Operação Especial (GOE) invadiram a residência, arrombando a porta.

Em imagens da câmera de segurança da residência, é possível ver o exato momento em que Bruno invade o imóvel. Veja ao final da matéria

Em determinado ponto da gravação é possível escutá-lo mandando a filha mais nova do casal e apenas 4 anos ‘calar a boca’ e apontar uma arma para a família. Segundo o oficial, caso elas reagissem, ele iria ‘estourar a cabeça’ delas.

Após toda a ação, o delegado levou a mulher do médico detida alegando mandado de prisão por descumprimento de medida protetiva.

Conduta do delegado será investigada

O delegado-corregedor da Polícia Civil, Marcelo Felisbino, disse que a corregedoria irá investigar a conduta de Bruno. A declaração foi feita em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (30). O delegado será investigado por abuso de poder após agir sem mandado e com arma em punho.

Segundo o corregedor, apesar da gravidade dos fatos, é necessário apurar o caso antes de apontar erros de conduta e que ainda é cedo para comentar punições.