Justiça solta fazendeiro apontado como mandante da morte do advogado Roberto Zampieri

Decisão do juiz João Bosco Soares colocou Aníbal Laurindo em liberdade poucas horas após suspeito se apresentar na DHPP de Cuiabá

Justiça solta fazendeiro apontado como mandante da morte do advogado Roberto Zampieri

Ari Miranda
Única News


 

O juiz João Bosco Soares, do Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO), revogou na tarde desta segunda-feira (11) a prisão preventiva do fazendeiro e médico veterinário, Aníbal Manoel Laurindo. O produtor rural é apontado como um dos mandantes do assassinato do advogado Roberto Zampieri (56), ocorrido no dia 5 de dezembro do ano passado, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.

Durante a audiência de custódia do indiciado, o magistrado determinou a aplicação de cautelares ao investigado, como o uso de tornozeleira eletrônica, suspensão do passaporte e do registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) do fazendeiro, bem como sua proibição de se ausentar da cidade de Cuiabá sem prévia autorização da Justiça.

Wander Bernardes, advogado de defesa de Aníbal, alegou ao magistrado que comprovará a inocência do fazendeiro, que foi preso nesta manhã, após se apresentar na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, para o cumprimento de uma prisão temporária de 30 dias.

Além dele, sua esposa, Elenice Ballarotti Laurindo, e o irmão dele, José Vanderlei Laurindo, também são suspeitos de terem mandado matar o jurista, após uma disputa de terras, na qual eles perderam uma fazenda no valor de R$ 6 milhões na cidade de Paranatinga, a 376 km de Cuiabá.

O delegado da DHPP Cuiabá, Nilson Farias, responsável pelas investigações, havia pedido a prisão temporária de Aníbal, Elenice e José Laurindo por 30 dias, em fevereiro deste ano. Contudo, a justiça não acatou o pedido contra Vanderlei, mas o de Elenice sim. Por não ter se apresentado junto com o esposo, a mulher é considerada foragida.

LIGAÇÃO COM CORONEL

Ainda conforme o delegado, Aníbal fazia parte de um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), intitulado "Frente Ampla Patriota". Foi através deste grupo que ele teria conhecido o coronel da reserva do Exército Brasileiro, Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, apontado nas investigações como o financiador da morte de Zampieri.
“O coronel [Caçadini] representa a Frente Ampla Patriota. Pelo que a investigação demonstra, [o movimento] acabou criando uma proximidade entre o coronel e o Aníbal. Eles iam pra frente de quartéis pedindo uma ação mais enérgica do Exército em prol do conservadorismo”, conta Nilson.

(Foto: Reprodução/Câmeras de segurança))

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Atirador Antônio Gomes (circulado em vermelho) esteve no escritório de Roberto Zampieri (Ao centro) um dia antes do crime.

O CRIME

Roberto Zampieri foi assassinado por volta das 19h50 do dia 5 de dezembro de 2023 em frente ao seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, região nobre da capital. O jurista se preparava para ir embora para casa, quando foi executado com 10 tiros dentro de sua picape, uma Fiat Toro, pelo pedreiro Antônio Gomes da Silva (56).

Estão presos o atirador, Antônio Gomes da Silva (57); o instrutor de tiro e intermediário do crime, Hedilerson Barbosa Fialho (56); e o financiador do assassinato, o coronel do Exército Brasileiro, Etevaldo Caçadini Vargas (68).

As prisões, parte delas efetuadas na região metropolitana de Belo Horizonte de Belo Horizonte (MG), foram decretadas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO) da Comarca de Cuiabá, com base nas investigações conduzidas pela equipe da DHPP e contaram com apoio da Polícia Civil de Minas Gerais.

Inicialmente, a empresária e farmacêutica, Maria Angélica Caixeta Gontijo (40) chegou a ser presa e apontada como a suposta mandante do homicídio. No entanto, as investigações não confirmaram a participação dela no crime, tanto que ela sequer foi indiciada no primeiro inquérito instaurado pela DHPP.